Prefeitas de quatro municípios brasileiros compartilham experiências bem-sucedidas em gestão pública
Gestoras contaram principais conquistas da gestão e compartilharam desafios, especialmente em questões de gênero
Foto: André Corrêa
Oprotagonismo de lideranças femininas está fazendo a diferença de Norte a Sul do Brasil e foi um dos temas de destaque desta quarta-feira (27), no XXIX Congresso Internacional do CLAD sobre a Reforma do Estado e da Administração Pública, que acontece esta semana em Brasília (DF). No painel “Gestão municipal: inovação pelas prefeitas em cidades brasileiras", as lideranças falaram sobre inovação na gestão e algumas experiências que adotaram em seus municípios e foram exitosas.
Margarida Salomão (Juiz de Fora/MG), Paula Mascarenhas (Pelotas/RS), Moema Gramacho (Lauro de Freitas/BA) e Francineti Carvalho (Abaetetuba /PA) formaram o time de prefeitas palestrantes. As estratégias adotadas abrangeram temas diversos como equidade de gênero, infraestrutura, sustentabilidade, redução das desigualdades e combate à criminalidade. Um ponto em comum entre elas é que todas foram as primeiras mulheres a ocupar a prefeitura de seus municípios e foram reeleitas ao final de seus primeiros mandatos.
“É uma honra poder compartilhar experiências com essas lideranças que estão transformando suas cidades por meio de inovação, práticas sustentáveis e enfrentando uma série de desafios no combate às desigualdades”, ressaltou Danilo Bertazzi, moderador da atividade e chefe da Assessoria Especial de Cooperação Federativa do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
Margarida Salomão, prefeita de Juiz de Fora (MG), destacou como a representatividade em sua gestão e a implementação de políticas sociais e de proteção às mulheres fortaleceram a gestão do município. A cidade zerou a fila de creche e ampliou a oferta de serviços de educação e saúde. Houve investimentos em iluminação pública e mobilidade, além do fomento ao lazer e ao convívio comunitário por meio da revitalização de espaços públicos, tornando a cidade mineira mais segura para as mulheres e crianças. “Quando as mulheres entram na política, a gestão pública muda. Não é possível ter uma sociedade democrática sem que elas exerçam seus papéis e sejam livres”, frisou.
Abaetetuba (PA), comandada por Francineti Carvalho, é um exemplo de gestão pública integrada e atenta às realidades locais. A prefeita apresentou a iniciativa Caravana da Cidadania, uma estratégia para levar programas e serviços públicos de saúde, educação e geração de renda até as populações ribeirinhas e quilombolas localizadas na área rural e nas 72 ilhas que integram a cidade. Essa iniciativa se soma a políticas inovadoras do município, como o CAPS Fluvial, e aproxima a gestão da população. Abaetetuba tem 126 anos e Francineti foi a única liderança no cargo máximo do município que conseguiu se reeleger, em toda a história da cidade. “Isso significa que as gestões femininas dão certo”, enfatizou.
Representando Pelotas (RS), a prefeita Paula Mascarenhas apresentou o “Pacto Pelotas pela Paz”, um modelo de política pública para segurança que reduziu índices de violência por meio de ações integradas entre forças policiais, diversas áreas de governo e a sociedade civil. A experiência com políticas integradas e intersetoriais possibilitou que o município se destacasse no enfrentamento a situações de crise, como a pandemia de Covid-19 e as enchentes recentes no estado. Na opinião da prefeita, a principal diferença que as mulheres em cargos de liderança apresentam é a capacidade de construir e manter redes e relações humanas. “A gente precisa falar de gente e de afeto na gestão pública. A humanização nas relações é a maior inovação que podemos trazer para o serviço público”, explicou.
Por fim, Moema Gramacho, de Lauro de Freitas (BA), citou ações voltadas à inclusão social e ao fortalecimento da economia local. Por meio de parcerias com a iniciativa privada, a cidade promoveu oportunidades para jovens e famílias em situação de vulnerabilidade. Destacou também serviços de saúde pioneiros na cidade, como a maternidade e o hospital escola, e infraestruturas urbanas resilientes a fenômenos climáticos. Moema ainda ressaltou a importância de se acabar com a violência política de gênero: “Ainda há muito preconceito em relação a cargos que historicamente foram ocupados por homens, mas esses resultados são fruto do apoio de mulheres guerreiras e de homens que confiam na atuação de mulheres em espaços de poder”.
Foto: Adalberto Marques/MGI
Após o painel, a ministra da Gestão, Esther Dweck, teve uma reunião com as prefeitas. No encontro, a ministra ressaltou a importância de o país ter mais mulheres à frente da gestão de municípios e parabenizou o trabalho já realizado. As gestoras compartilharam alguns dos avanços alcançados, conversaram sobre a possibilidade de adotar soluções ofertadas pelo Governo Federal e de firmar parcerias no futuro. Atualmente, os quatro municípios já recebem recursos da União por meio do Transferegov e três deles utilizam serviços federais na área de governo digital, como o login único do GOV.BR.
ASCOM MGI